INDISCIPLINA
– UMA FORMA DE APRENDIZAGEM
RESUMO
Este artigo lança um olhar sobre a
indisciplina como uma forma de aprendizagem: aluno-professor-família-escola,
perpassando pela sociedade. Pesquisamos se a indisciplina pode ser trabalhada
em sala de aula como potencial criativo e construtivo. Pode a indisciplina
sinalizar: o descontentamento com a metodologia do educador, com o espaço
escolar, com a relação familiar e a maneira que seu saber é ignorado pela
escola. Por meio de pesquisas bibliográficas de diferentes estudiosos: Foucault, Vygotsky, Stirner, Wallon, Celso Antunes,
Celso Vasconcelos, Julio Groppa Aquino, Paulo Freire, Renato Alves, Emile
Durkheim e entrevistas, procuramos compreender como essa
aprendizagem é possível.
Palavras Chave:
Indisciplina/ Estrutura Escolar/ Participação Familiar
ABSTRACT
This article shows the
indiscipline as a way of learning: teacher-student-family-school, passing by
society. Searching about if the indiscipline can be worked in the classroom as
a creative and constructive potential. The indiscipline can show us a signal of:
dissatisfaction with the methodology of the educator, with the school, with
family’s relationship and the way that student’s knowledge is ignored by the
school. According to literature searches of different scholars: Foucault,
Vygotsky, Stirner, Wallon, Celso Antunes, Celso Vasconcelos, Julio Groppa,
Aquino, Paulo Freire, Renato Alves, Emile Durkheim and interviews, we try to
understand how this learning is possible.
Keywords: Indiscipline / School’s Structure / Family’s Participation
- INTRODUÇÃO
O objetivo ao
escrever sobre o tema Indisciplina é compreender o potencial
criativo e construtivo da mesma e se é possível utilizá-la de forma
relacional para aprendizagem: aluno-professor-família-escola, ou seja,
a participação conjunta nesse processo para o benefício do
educando. Esse interesse surgiu, após assistir algumas aulas
e, posteriormente, ouvir os educadores de uma escola
situada em São João de Meriti, RJ, onde atuei inicialmente como estagiário e
depois fui contratado para lecionar a disciplina Educação Religiosa no 2º
semestre de 2012. Constatei que as frases se repetiam na sala dos
professores, numa tentativa de justificar: notas baixas, recuperações, falta de
aprendizado e a mínima atenção as aulas. Os
educadores diziam: “Eles [os alunos] não querem nada, os pais não vêm à escola para saber como estão os filhos”; apontando a indisciplina como fator inibidor do aprendizado,
um empecilho à prática docente oriunda de uma má formação/educação familiar.
Entretanto, Segundo Antunes (2011, p. 19):
“A Indisciplina quase sempre emana de três focos: A
escola e sua estrutura, o professor e sua conduta e o aluno e sua bagunça
[...]”.
A indisciplina supracitada, sob a ótica docente,
despeja todo o peso da responsabilidade sobre o educando e sua família, pois o
que está em questão é o comportamento inadequado em sala de aula, o desrespeito
à figura do mestre que deseja e tem o objetivo de fazer uma exposição da matéria no quadro ou em slide, a fim de que o
aluno “aprenda” o que foi “ensinado”.
Tínhamos uma ideia clara sobre o que queríamos
escrever. No entanto, a clareza de qualquer ideia, somente é, de fato,
evidenciada, após uma pesquisa e confrontação de ideias convergentes e
divergentes. Sendo assim, nossa proposta inicial era combater a indisciplina,
ou seja, pesquisar instrumentos que possibilitassem, ao educador, a confrontação da
indisciplina em sala de aula. Mas, havia algo que não sabíamos, e após
pesquisar em livros, em sala de aula, na sala dos professores e em entrevistas,
constatamos que, não tínhamos um simples elemento, importante e modificador de
nossa proposta inicial: o conhecimento do conceito de indisciplina e de
disciplina visto pelo próprio olhar do educador, ouvindo depoimentos, lendo
sobre experiências e teorias sobre a educação.
Pudemos comprovar que, enquanto o professor se
dedica à sua exposição, os estudantes falam o
tempo todo, parecendo não considerar a presença do professor em sala de
aula. Conversas, as mais diversas. Mas, por que tanta conversa paralela, se o
objetivo do aluno é ir para escola aprender? Por qual (is) motivo (s) os alunos
não prestam atenção na aula? O Que pode o educador fazer diante deste cenário
aparentemente caótico e desanimador? Estas atitudes dos alunos sugerem uma
total completa indisciplina? Não seria o caso de aplicarmos punições severas
como no passado?
A partir das reflexões acima, passamos a considerar
o seguinte: A (s) Indisciplina (s) que ocorre (m) em sala de aula parece (m)
ser uma forma de resistência do aluno às metodologias aplicadas. Uma sinalização
aos professores e à escola, que as metodologias não estão acompanhando as
transformações socioculturais e cognitivas, nem as
modificações tecnológicas e de comunicabilidade da atualidade.
É como se estivessem em jogo elementos
valorativos sobre autoridade e conhecimento que se enfrentam através de papéis
sociais vivenciados por professor–aluno–escola. O aluno, que tem potencial, que
aprende muitas coisas e participa de muitas atividades, pela indisciplina se
expressa: “Para que serve isto que você fala? Como posso aplicar isto em meu
dia a dia? Você não entende o que eu passo como pode querer ter autoridade sobre
o que devo ou não aprender/fazer?”.
Os questionamentos apresentados acima, não ocorriam
nas décadas de 70 e 80, com o advento da Internet, o processo de
comunicação/informação se tornou acessível e veloz, permitindo aos alunos conhecerem
outras realidades e ao mesmo tempo refletirem sobre a própria condição social.
Assim, a metodologia organizada para a construção
desta reflexão sobre o teor criativo da indisciplina, partiu do pressuposto que
a pesquisa bibliográfica seria capaz de nos esclarecer sobre esse potencial de
construção de saberes.
Outro instrumento que favoreceu à nossa
busca por informações foi a entrevista semiestruturada, pois conforme nos
esclarece Manzini (1990/1991, p. 154, apud, Manzini, 2004, p. 58-59),
[...] a entrevista
semi-estruturada está focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um
roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes
às circunstâncias momentâneas à entrevista. Para o autor, esse tipo de
entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas
não estão condicionadas a uma padronização de alternativas.
Realizamos assim a entrevista com dois
professores que lecionam do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental buscando uma
melhor compreensão da indisciplina e o que de fato estaria por trás dela: um
potencial positivo
Os professores Romário Silveira Machado e Abner
Lopes, com mais de dez anos de Magistério, atuam em escolas municipais da
Baixada Fluminense, RJ e se deparam cotidianamente com esta realidade: a
indisciplina escolar.
Tivemos como apoio a entrevista e na
pesquisa bibliográfica, buscamos desta forma, nas leituras de autores como Foucault, Vygotsky, Stirner, Wallon, Celso Antunes,
Celso Vasconcelos, Julio Groppa Aquino, Paulo Freire, Renato Alves, Emile
Durkheim, o embasamento teórico que respaldasse as
argumentações e reflexões propostas.
Mas como é possível utilizar o potencial da
indisciplina em benefício do aprendizado e do desenvolvimento para uma visão
democrática e cidadã?
- DISCIPLINA E INDISCIPLINA
2.1.
Um
Olhar Sobre a Disciplina
Segundo o Novo Dicionário Aurélio - Ferreira (1999):
[Do
lat. disciplina.]. S. f.: 1. Regime de ordem imposta ou livremente consentida.
2. Ordem que convém ao funcionamento regular duma organização (militar,
escolar, etc.). 3. Relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor.
4. Observância de preceitos ou normas. 5. Submissão a um regulamento. 6. Ensino,
instrução, educação.
A disciplina propõe leis, ordens, regras que regem
as ações das pessoas, isto parece bem simples, no entanto, a desobediência a
essas regras, implica na infração,
insubordinação ou indisciplina. A questão que procuramos avaliar é a seguinte:
Toda a quebra de disciplina deve ser vista como má? Toda disciplina é
essencialmente boa e/ou perfeita?
A geração da década de 70 lutou contra a disciplina
rígida e punitiva, ou seja, a disciplina que castiga. O senso comum estabelece
uma relação entre disciplina e castigo: punição. Sendo assim, disciplinar
alguém sempre foi considerado como castigar ou corrigir. Mas, insistindo nessa
reflexão proponho a seguinte avaliação: a disciplina pode ser nociva, quando
ela impede o indivíduo de exercer seu livre arbítrio, sua potencialidade
crítica, sua capacidade de questionar e propor suas ideias, ainda que as mesmas
sejam diferentes da ideia da maioria das pessoas; quando a disciplina formata e
cerceia o pensar, ela se coloca como ditadora. É esse ponto da disciplina que
devemos ter cuidado ao exercer a aplicação das regras, pois punir é mais fácil
do que permitir a mudança de paradigmas.
Nosso trabalho se propõe ao contexto educacional, embora sua aplicação
atinja todas as esferas do relacionamento do educando. Por isso, entendemos que
a disciplina deve ser aplicada como elemento de construção e permissão à
desconstrução de paradigmas, sem quebrar regras que infrinjam as leis, porém
que proporcionem ao educando um senso crítico e participativo na convivência
social e transformadora.
Como nos propõe Antunes (2007,
p. 89), acreditamos que seja uma das melhores maneiras de vislumbrarmos
e aplicarmos a disciplina em sala de aula:
A
disciplina não pode, jamais, chegar ao aluno como uma ordem, um castigo, um
imperativo que partindo do mais forte, dirige-se ao oprimido em nome de seu
conforto pessoal, mas como ‘produto’ de debate, reflexão, estudo de caso e
análise onde se descobre a hierarquia de povos disciplinados sobre clãs sem
mando ou sobre sociedades oprimidas [...].
Não podemos ficar indiferentes à visão de Durkheim
(2007, p. 6), pois ele considera que “toda educação consiste num esforço
contínuo para impor à criança maneiras de ver, de sentir e de agir às quais ela
não teria chegado espontaneamente [...]”. Sendo assim, conforme já exposto, não desconsideramos a necessidade da disciplina, ela é
benéfica e necessária, porém o que não concordamos é que a disciplina esteja
embasada/direcionada, exclusivamente, ao castigo/punição. Conforme expõe
Foucault (1987, p. 164):
Esses
métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam
a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de
docilidade-utilidade, são o que podemos chamar as “disciplinas”. Muitos
processos disciplinares existiam há muito tempo: nos conventos, nos exércitos,
nas oficinas também. Mas as disciplinas se tornaram no decorrer dos séculos
XVII e XVIII fórmulas gerais de dominação [...].
Stirner
(2001, Apud Oliveira, 2011),
ressalta a questão da disciplina que formata, impedindo ao discente de
construir saberes e se indisciplinar:
(Os locais de ensino) não se contentam, ao contrário, com formar pessoas de bom senso; não
visam, para dizer a verdade, a formar pessoas ouvindo a voz da razão. [...] Em
pedagogia, como em outros campos, a liberdade não pode expressar-se, nossa
faculdade de oposição não pode exprimir-se; exigem apenas a submissão. O único
objetivo é adestrar à forma e à matéria: do estábulo dos humanistas não saem
senão letrados, do estábulo dos realistas, só cidadãos utilizáveis e, em ambos
os casos, nada além de indivíduos submissos. Sufocam pela força
nossa saudável tendência à indisciplina e impedem ao mesmo tempo o Saber
de desenvolver-se em Vontade livre.
A disciplina deve orientar às regras, às leis
e ao bem comum, a fim de conduzir ao benefício permanente do educando e da
sociedade. Então, precisamos seguir a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que em seu art. 2º no item Dos
Princípios e Fins da Educação Nacional nos diz: “A educação, dever da família e do Estado,
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem
por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” O senso comum nos
diz que a educação vem de casa, a lei, ratifica esse senso comum e posiciona o
Estado como coparticipante dessa educação, numa perspectiva Liberal Clássica de
garantia de direitos básicos.
A disciplina é
imprescindível no processo de ensino aprendizagem e deve promover junto ao
educando o exercício de sua cidadania, não podando seu senso crítico, mas
direcionando-o para um viver em sociedade.
A cidadania,
não pode ser negligenciada no processo de ensino/aprendizagem, e, se estou
formando/informando um cidadão, para que ele seja participante do processo
político da cidade, não podemos impor-lhe nosso conteúdo, sem mostrar-lhe sua eficiência,
eficácia e efetividade – Para que serve esse ensino? Como o aluno poderá
aplicá-lo em sua vida e comunidade? – em sua convivência intra e interpessoal,
intervenção social e ambiental?
A partir do
entendimento do exposto acima, a disciplina torna-se agradável e necessária,
pois não é vista como um instrumento apenas para punir, mas para apontar o
caminho de regras que possibilitam melhor relação em sociedade, ainda que as
penalidades façam parte dessa relação social; é possível ter disciplina, aplicar
a disciplina, sem ter apenas o viés de um adestramento, de um vigiar ou de um
punir - Foucault (1987).
Citamos mais uma vez
Stirner[1]:
Todavia,
a educação deve ser pessoal, mestre do Saber e guardar constantemente no
espírito esse caráter essencial do Saber: não ser em nenhum caso objeto de
posse, mas ser o próprio Eu. Numa palavra, não se deve inculcar o Saber, mas
conduzir o indivíduo a seu pleno desenvolvimento; a pedagogia não pode
mais partir da ideia de civilizar, mas da ideia de desenvolver pessoas
livres, caracteres soberanos. É preciso, então, cessar de enfraquecer a
Vontade, até o presente, sempre tão brutalmente oprimida. E porquanto não se
enfraquece o desejo de saber, por que enfraquecer o desejo de querer? Visto que
um é nutrido, que o outro também o seja. A teimosia e a indisciplina da criança
têm tantos direitos quanto seu desejo de saber.
A indisciplina
apresentada por Stirner precisa ser recuperada em nossa forma de educar,
visando não uma formatação do indivíduo, mas à condução da descoberta do mundo,
a partir de sua realidade, permitindo-lhe ser crítico do saber aprendido,
contestador das circunstâncias vivenciadas, e, capaz de utilizar essa
indisciplina como instrumento de desenvolvimento de suas potencialidades, na
construção de saberes e, na constituição de pessoas capazes de exercer sua
cidadania em sala de aula. Não digamos ao aluno: “sente-se, cale-se, você está
errado...”, mas lhe proporcionemos a utilização desse potencial questionador,
como direito de interação na aula, revendo o próprio plano de aula (que deve
ser flexível no processo de construção de saberes), não
“engessando” o aprendizado, porém respeitando o saber do aluno. Certamente, é
algo que poderemos considerar ao entrar em sala de aula: Os saberes dos
educandos, o que vivenciam e como canalizam essas múltiplas realidades em prol
de seu aprendizado.
2.2.
Um
Olhar Sobre a Indisciplina
Galileu Galilei não considerou o que a
igreja dizia como sendo a regra que não pode ser questionada, mas propôs uma
visão científica e correta, porém que era uma grave indisciplina contra o
sistema, Isaac Newton não foi um brilhante aluno, segundo os moldes da educação
de sua época, no entanto, sua capacidade criativa e inventiva, considerada fora
do padrão da disciplina escolar, o permitiu se tornar um gênio. O que dizer de
Freud? Um Neurologista pervertido, por não aceitar o que em sua época era o
politicamente aceitável: crianças não tem sexualidade, ele, contrariando – se
indisciplinando – os parâmetros da psicologia e da sociedade médica, propõe o
absurdo da Psicanálise e torna-se o pai de uma nova visão da psique. Citamos Albert
Einstein que tinha desprezo a decoreba e era considerado arrogante pelo
sistema, por conta disso, porém essas questões, não lhe impediram de ser um
grande aprendiz e cientista, ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1921.
A indisciplina não tem apenas
características negativas, de bagunça e desordem, mas é capaz de construir
saberes e desenvolver talentos, quando a mesma é sublimada e direcionada pelo
educador – facilitador desse processo de aprendizagem – que propõe o conteúdo
escolar e permite ao educando aceitar ou não o que lhe é ensinado, ouvindo os
motivos dessa aceitação ou rejeição, iniciando assim, o aprendizado, não por
memorização de conteúdos, mas por confrontação de saberes: de sua convivência
familiar/comunitária e o currículo escolar.
- EDUCAÇÃO E INSTRUÇÃO – Educação
de casa e Instrução da Escola
Qual a
diferença entre educar e instruir? Os pais educam ou instruem? Os professores
instruem ou educam?
Tendo o entendimento da função da
escola, podemos compreender a importância da família no aprendizado do educando
e o papel do professor, na transformação do comportamento do aluno.
Educação e Instrução, segundo O
Novo Dicionário
Aurélio - Ferreira (1999):
Educação: 1. Ato
ou efeito de educar (-se). 2. Processo de desenvolvimento da capacidade física,
intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor
integração individual e social. Instrução:
1. Ato ou efeito de instruir (-se). 2. Ensino. 3. Conhecimentos adquiridos;
cultura, saber, erudição.
Tanto educar, quanto instruir faz
parte da responsabilidade de pais e professores, ou seja, a educação que vem de casa precisa ser
trabalhada na escola, e a instrução que
se aprende na escola, deve ser vivenciada em casa. O educar e o instruir
começam em casa com os pais e/ou responsáveis, continuam na escola com os
professores no processo de transformação do comportamento, por intermédio da
educação escolar.
Na relação: casa/escola e pais/professores torna-se
necessário haver uma dialética, ou seja, as contraposições existentes entre
essas instituições devem ser conversadas, não podem ser ignoradas, buscando-se
um entendimento, entre o que se é ensinado em casa e na escola. Conforme nos
propõe Aquino (1996, p. 46):
[...] a estruturação escolar não poderá ser pensada apartada da familiar. Em
verdade, são elas as duas instituições responsáveis pelo que se denomina
educação num sentido amplo. Só que o processo educacional depende da articulação
destes dois âmbitos institucionais que não se justapõem.
O aluno é educado e instruído tanto em casa quanto
na escola. A educação e a instrução se completam, não são antagônicas. A
educação que vem de casa é importante para ser trabalhada pela instrução escolar.
O aluno chega à sala de aula com um modelo mental, ou seja, “[...]uma
representação interna de informações que corresponde analogamente com aquilo
que está sendo representado.” Moreira, (1997, p. 3), do conhecimento passado
pela sua família, por exemplo, se um aluno foi instruído a jamais falar com
estranhos, ele pode considerar todos, em sala de aula, como estranhos e ter um
comportamento resignado, se foi educado a sentar somente no chão, terá
dificuldades em sentar-se na carteira. Ao observar e procurar compreender se o
comportamento de seus alunos, está associado à sua educação familiar, o
professor desenvolverá seu trabalho, respeitando as diferenças de cultura,
religião, regionalização, etc. Ou seja, conhecerá cada aluno, será perceptível
ao seu modo de ser e estar no mundo, ajudando-o a construir e desconstruir
saberes, orientando-o sobre a ideia de pertencimento[2],
como bem expõe Pereira (2007, p. 7):
A
importância do pertencimento nas relações pedagógicas foi ressaltada com Vygotsky
não em um, mas, em cinco sentidos: o ético valoriza a capacidade humana de
sentir e refletir sobre as sensações e sua importância no processo de aprendizagem;
o social valoriza os aspectos íntimos e pessoais da vida humana e sua
representação na sociedade; o político está na intencionalidade da ação
pedagógica quanto ao reconhecimento do pertencimento individual e social de si
e do outro e da autonomia humana interdependente; o estético valoriza a
criatividade que, ampliada nas relações humanas, potencializa as mudanças e
transformações das situações de desenraizamento e/ou de sofrimento, causadas
pela identidade de não-pertencimento e o educativo, presente nos processos de
conscientização, de se ter uma postura e de intencionalizar a ação, valoriza a
participação e a corresponsabilidade no destino de si, do outro e da humanidade.
- INDISCIPLINA
ESCOLAR – Origens e Consequências
Mas qual a razão da indisciplina
escolar? Se existe realmente um viés construtor por trás da indisciplina do
aluno, por que razão a escola não consegue aproveitar essa indisciplina na
construção de saberes?
A
escola de cem anos atrás não é a mesma de nossos dias, a sociedade mudou e o
aluno de hoje, interage de forma diferente que o aluno de cem anos atrás. Em
outras palavras, o que o aluno espera da escola e o que a escola espera do
aluno?
A Escola
somente poderá transformar a realidade onde está inserida quando identificar-se,
entender o seu papel, enquanto organismo e não mais somente como instituição. Uma
mudança que, partindo do autoconhecimento funcional, permitirá que seus atores:
professores, alunos, pais, funcionários, direção e comunidade, revejam seus
papéis. Como um todo integral, que não pode ficar de um lado, enquanto existem
outros de outro lado, sua existência, eficiência, eficácia e efetividade
transformadora, não estão mais pautadas, em sua competência em propor um
currículo que acrescente algo ao não-saber de seus alunos, mas sim, num
currículo que seja capaz de entender a si mesma, enquanto instituição e
organismo que se adapta ao meio, troca informações, propõe mudanças. Atualiza-se,
jamais se acomoda e intervém na política ambiental e social, deixando de ser
fria e distante, para tornar-se viva, pulsante, necessária, desejada e
indispensável ao meio social, pois cumprirá o papel de facilitadora das
relações interpessoais.
O
conflito de saberes torna-se frequente e originador da indisciplina, pois as
perspectivas não são congruentes, tendo de um lado o representante da escola: o
professor e do outro lado o representante da comunidade: o aluno. O que
perpassa, pela cabeça do professor e do aluno, a partir desse encontro é um
conflito de interesses. Em que o educador quer transmitir o conteúdo de sua
disciplina e o educando não consegue entender o propósito desse conteúdo, as
consequências são as mais diversas, culminando em um desencontro entre o
sistema teórico docente e a prática discente. Os parâmetros escolares colidem
com os do meio social, onde o educando está inserido.
Segundo
Vasconcelos (1997, p. 245), “Muitos
problemas de indisciplina têm origem na questão do desrespeito.” Expressado por
parte dos alunos – entram e saem da sala sem pedir licença, conversam diversos
assuntos paralelos, violência contra colegas, não fazem os exercícios propostos
e ignoram a autoridade do professor – e dissimulado por parte dos professores –
que ao rotular seus alunos acabam inviabilizando o processo de ensino
aprendizagem. Então a indisciplina
parece também surgir da confrontação entre discente e docente. Saberes que
deveriam ser integralizados, enfrentam-se, impedindo o processo de aprendizagem
de ocorrer. Uma disputa de poderes, onde quem sabe mais, nem sempre sai
ganhando, e, quem sabe menos, não se importa em perder ou ganhar, quer mesmo é
provocar o confronto. Eis então as consequências da indisciplina: não
aprendizado, violência, stress e um caos, cujas dimensões atingem a escola, a
comunidade, a família e a sociedade como um todo.
Em meio a essa
turbulência, seria possível ao professor dar aula a quem não quer aprender?
Disciplinar a quem não quer ser disciplinado? Esse é o papel do educador de
nosso século: Disciplinador? É o que refletiremos no próximo tópico.
- O
PAPEL DO EDUCADOR – Finalidade e Atuação
Qual é o papel do educador em pleno
século XXI? Um disciplinador? Um amigo de seus alunos? Um transmissor de
informações? Quando nem o professor consegue responder a esses questionamentos,
algo de muito desagradável passa a acontecer em sala de aula: Disciplinas que
são ministradas sem um foco/finalidade. A atuação do educador torna-se pífia,
e, em alguns casos: efêmera.
Segundo Freire (2011, p. 24), “[...]
ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção.” Então o papel do educador pode ser entendido
como um facilitador, alguém que prepara o terreno para o desenvolvimento do
saber. Freire (2011, p.25) continua:
“Não há docência sem discência,
as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não
se reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e
quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina ensina alguma coisa a alguém [...]”
Eis aí a atuação conjunta, um tem a necessidade de
aprender, o outro identifica essa necessidade e supre-a, à medida que essa
necessidade começa a ser suprida, o educando constata o que ela pode lhe
proporcionar; isto faz brotar o desejo pelo aprendizado, e mais uma vez a
atuação do educador se faz necessária e imprescindível, nos esclarece Teresa
Cristina, Aquino (1996, p. 94) que Vygotsky “[...] chama a atenção também para
o importante papel mediador exercido por outras pessoas nos processos de
formação dos conhecimentos, habilidades de raciocínio e procedimentos
comportamentais de cada sujeito.” é nessa aproximação – ZDP[3]
– Zona de Desenvolvimento Proximal, que ocorre a interação de saberes. Por isto
ensinar não é transferir conteúdo, mas é um inter-relacionamento entre o
educador e o educando, uma cumplicidade que deve ocorrer no cenário educacional
e continuado em sua comunidade.
Muitos educadores não conseguem entender que o seu
papel é comunicar-se com seus alunos, e que, a comunicação não ocorre apenas
com palavras, mas de outras formas. Sérgio Miranda (1999, p. 32), esclarece-nos
que “[...] o conteúdo é fundamental, mas se não for bem colocado não atinge o
ouvinte, e em vão terá sido gasto o seu verbo”. Miranda (1999, p. 32-3)
demonstra que existem três elementos para uma boa comunicação,
O Conteúdo (ou a palavra) representa 7% dessa influência [...] alguns
professores, advogados, padres, pastores, etc. [...] que foram famosos no
passado pelo conhecimento e pela erudição que possuíam, hoje não conseguem
atrair nem convencer plateia alguma, pois lhes falta os principais componentes
da influência: O Tom De Voz, que
representa 38% dessa influência e a Fisiologia
(linguagem do corpo), que aparece como principal fator, com 55%.
Fica mais claro compreender que o papel do
professor e sua atuação devem ser harmônicos com o ritmo de seus alunos. Não
consiste apenas em estar preparado para dar o conteúdo, mas sim, ter um tom de
voz audível e claro, sem ruídos e uma fisiologia que permita ao educando
interpretar o que ele realmente quer dizer. Ou seja, é preciso estar em
harmonia com seus alunos, para poder ajudá-los.
Em entrevista realizada com o professor Romário, em relação ao que pensa
sobre indisciplina, foi possível perceber que há um consenso sobre a
necessidade do professor rever a sua prática, pois o aluno nem sempre está
interessado no conteúdo ensinado; se faz necessário então que o educador busque
outra prática, outro caminho para captar a atenção daquele aluno.
Algo marcante nessa entrevista é quando
o professor chama o aluno de cliente, afirmando que o não conhecimento do
professor da clientela com a qual trabalha, compromete todo o processo de
ensino-aprendizagem, impedindo-lhe de ter êxito, pois desconhece a comunidade,
o público alvo: seus alunos.
“Agora uma outra
questão importantíssima é ele conhecer a clientela com a qual ele está
trabalhando. Eu tenho experiências, converso muito sobre Sindicato, então
converso muito com professores que dominam tudo isso, mas não conhecem, eles
não têm êxito no seu trabalho, pois eles não conhecem a comunidade, não
conhecem a clientela, não conhecem os alunos com os quais está trabalhando”.
O aluno nem sempre quer aprender o que
o professor ensina, o que fazer? Trabalhar o conteúdo a partir da realidade que
o aluno traz de casa, da sua família e comunidade, por exemplo, a violência
urbana, a falta d’água, a discriminação, o preconceito, a dificuldade financeira,
isto permite ao educando tornar-se crítico dessa realidade, ter argumentos e
ferramentas para confrontá-la, sendo assim, ao aprender matemática saberá como
usá-la na economia doméstica, a língua portuguesa para saber se posicionar e
reivindicar seus direitos, a geografia para conhecer e interferir positivamente
em sua demografia, a história para saber como as coisas ocorreram, uma aula
assim, não imposta, mas mediada e direcionada pelo educador, torna-se dinâmica
e capaz de produzir interesse nos educandos. Nas palavras do professor
entrevistado:
“Muitas vezes aqueles
objetivos que ele traz que é o que tá na grade curricular que ele deve seguir,
não é aquele que o aluno quer aprender. A riqueza que o aluno traz de casa,
traz da cultura, traz da favela, traz da comunidade, que pode ser trabalhado. O
professor muitas vezes não está preparado para aproveitar o que o aluno traz e
trabalhar esses conteúdos”
Quando o educador faz o seu papel e
atua conforme se faz necessário, algo mais deve ocorrer para que o aprendizado
continue e seja expandido, pois o educando não está sendo ensinado apenas para
fazer provas, mas sim para o exercício da cidadania.
Outra questão que, enquanto
educador, não se pode ignorar é o quantitativo em sala de aula, conforme nos expõe
o professor Abner:
Numa turma de 35 alunos eu fico
impossibilitado de fazer um círculo, por exemplo, porque não tem condições, com
35 alunos dentro de uma sala de aula, o sistema faz com que você vai seguindo
as regras dele, que é botar os alunos um atrás do outro, que é manter os alunos
todos calados ao mesmo tempo, como se fosse algo obrigatório, eu acho que em
vez dos alunos ficarem calados simplesmente, eles precisam ter uma atividade
que eles se envolvam mais nela, aí eles vão se manter, eu não digo calados, mas
conversando entre si, sabendo que estão conversando com o seu grupo e não
discutindo.
Em relação ao exposto acima,
percebemos que o sistema muitas vezes não possibilita ao educador uma estrutura
para desenvolver sua aula, porém, suas habilidades e competências, seu
embasamento didático o faz ser não um disciplinador, mas sim seguir um caminho
que lhe possibilite lidar com esse tipo de indisciplina e gerar uma aula
produtiva, participativa e frutífera.
Mas para lidar com a indisciplina, a
fim de compreendê-la e potencializá-la entra em cena a família do educando, que
pode, deve e precisa contribuir para a continuidade, manutenção e ampliação do
processo de aprendizagem.
- PARTICIPAÇÃO
DA FAMÍLIA – Contribuição e Importância
A base da educação inicia-se em
família, sua continuidade permanece na família, tendo a escola o papel de
organizar e direcionar os alunos, em prol da construção e manutenção de sua
cidadania, e a participação da família é imprescindível no processo
ensino/aprendizagem.
Segundo um provérbio africano, “É preciso toda uma
aldeia para educar uma criança”, não podemos lançar sobre a família a
exclusividade da educação, ou tão pouco à escola a responsabilidade da
instrução. O que deve ser feito então: família e escola, pais e educadores
devem coparticipar deste processo de construção de saberes, numa cumplicidade,
onde cada instituição complementa a outra. Alves (2006, p.23) recomenda aos
pais e professores: “[...] nunca perguntem a um aluno se ele já estudou, mas,
sim, se ele sabe estudar.” A contribuição da família está em averiguar se seu (sua)
filho (a) sabe estudar. Isto independe de formação acadêmica. É uma educação
que começa em casa, é ampliada na escola e continuada na relação familiar. Mas
como os pais ou responsáveis pela criança podem contribuir quando não têm uma
formação? A resposta está na relação escola e família, como nos propõe o
Manifesto dos Pioneiros de 1932:
Por isto, o Estado, longe de
prescindir da família, deve assentar o trabalho da educação no apoio que ela dá
à escola e na colaboração efetiva entre pais e professores, entre os quais,
nessa obra profundamente social, tem o dever de restabelecer a confiança e
estreitar as relações, associando e pondo a serviço da obra comum essas duas
forças sociais - a família e a escola, que operavam de todo indiferentes, senão
em direções diversas e às vezes opostas.
A proposta deste manifesto é uma interação entre as
duas forças. Ou seja, a família não tem que saber ensinar como o professor, ou
tão pouco a escola saber educar como a família, ambos precisam se conhecer e se
ajudar, a fim de alguém em comum: o educando. O profissional recebe
o apoio da família, cuja importância é imprescindível no processo de ensino
aprendizagem. Conforme nos propõe Freire (2005, p. 79), “o educador já não é o
que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o
educando que, ao ser educado, também educa [...] os homens se educam em
comunhão.” E essa comunhão, esse educar, somente será pleno quando a família
participar dentro e fora da escola. Os muros são derrubados. Muros que impedem
a família de participar da educação de seus filhos, por entenderem que não são
capazes de contribuir em sua educação formal, muros que impedem a escola de
participar da educação de seus alunos, por entenderem que não podem interferir em
sua educação familiar.
Como
nos esclarece Lima (2009)
Tanto a família quanto a escola
devem viabilizar relações pautadas na afetividade e no adequado desempenho de
papéis. As crianças ao viverem ora como aluno, ora como filho, aprendem as
normas sociais e éticas e compreendem o seu lugar no mundo. Se os adultos se
eximirem da sua tarefa educativa, a criança encontrará dificuldades na
construção do ser “sujeito” e dificilmente entenderá o mundo e seu funcionamento.
O que uma família tem que fazer nenhuma escola consegue substituir, por melhor
que seja; o que a escola tem que fazer as famílias não conseguem, mesmo sendo
educadoras. A família tem o papel de acolher a criança e promover individuação e pertencimento. No convívio diário,
nas conversas, na forma de proceder diante das rotinas do dia a dia é que a
criança compreende os mitos, as crenças, os ritos de sua família, assim como a
forma deles de viver e conviver.
A família, pais e/ou responsáveis podem contribuir no
aprendizado de seus filhos (as), a escola precisa desenvolver uma metodologia
participativa, interativa e integralizadora, pois afinal de contas quem sairá
ganhando é o educando e a sociedade em geral.
- CONSIDERAÇÕES
PRELIMINARES – A Indisciplina é Empecilho a Aprendizagem?
A indisciplina pode ser canalizada
ao aprendizado, de forma criativa e contemporânea esse potencial pode,
perfeitamente, ser utilizado para construção de saberes, mudança de paradigmas
e transformação social. Não se
pode sufocar o discente que, ao descobrir o mundo faz como o cientista que
grita feito um louco quando descobre um invento, uma nova teoria ou lei: eureca[4]!
As descobertas diárias e contínuas do educando precisam ser contadas, expostas,
compartilhadas. Eles estão aprendendo e também querem ensinar. A indisciplina
não é, portanto, um empecilho ao aprendizado, é um anúncio, um sinal de uma
aprendizagem que não se limita ao contexto de sala de aula, que é dinâmico,
imanente ao educando e que transcende à formatação institucional.
O professor Abner nos diz o seguinte
em sua experiência, “Indisciplina é uma questão que a gente
precisa analisar bem, até porque o fato da criança gritar ou o fato da criança
fazer uma bagunça, isto não vem a ser diretamente uma indisciplina, até porque
ela está expressando os seus sentimentos.” O professor utiliza a música em suas
aulas, a fim de permitir aos educandos expressarem-se enquanto aprendem, ou a
aprenderem enquanto se expressam. O professor se utiliza de músicas para
trabalhar questões de comportamento, relacionamento, limpeza e higiene pessoal,
também trabalha com poemas, ao invés de recorrer a um texto já existente do
livro ele prefere trabalhar textos musicais.
Diante do exposto não
devemos então cercear a expressividade do educando, pois por intermédio dela, fala
ao mundo sobre o que sente e o que é capaz de realizar. “Conforme as ideias de
Wallon, a escola infelizmente insiste em imobilizar a criança numa carteira,
limitando justamente a fluidez das emoções e do pensamento, tão necessária para
o desenvolvimento completo da pessoa.” (Ferrari, 2013).
A indisciplina precisa ser
trabalhada em sala de aula, pois estamos considerando não uma perversidade
destruidora, mas um potencial de competências e habilidades do aluno, que, por
não ter condições adequadas ao seu desenvolvimento, busca outros caminhos para
sua manifestação, confrontando assim as normas formatadoras da Instituição.
- CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Diante do
exposto em nossa pesquisa, poderíamos considerar os aspectos
positivos na indisciplina, podendo até ser uma forma de aprendizagem,
quando utilizada para fazer o educando refletir sobre um sentimento de
pertencimento em seu ambiente, que não se limita a casa, vizinhança, mas se
amplia à escola e além da escola, permitindo a esse educando que, ao usar a
energia da indisciplina que não aceita a mesmice, o conformismo os parâmetros
que engessam o aprendizado, torna-o cidadão crítico, humanitário, autor de sua
própria história e, acima de tudo um cidadão planetário (Gadotti, 1998) que,
respeitando as diversidades, luta pela igualdade social, pela inclusão das
diferenças e prática de uma sustentabilidade social/ambiental, pois o meio
ambiente não é constituído apenas por animais, plantas e minerais, mas também
por seres humanos que devem aprender a aprender sempre, se indisciplinando,
teimando e desconstruindo quaisquer formas de engessamento de saberes.
- REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Renato. O Segredo dos Gênios:
Manual de orientação para professores e estudantes. Tupã. SP. 2006
ANTUNES, Celso. Diário de um
Educador: Temas e Questões Atuais. 2 ed. SP: Papirus, 2007.
______________. Professor bonzinho =
aluno difícil: a questão da indisciplina em sala de aula. 9 ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2011.
AQUINO, Julio Groppa, org. Indisciplina
na escola: alternativas teóricas e práticas. 16. Ed. – São Paulo: Summus.
1996
BARRETO, Andrea. Eureka – Arquimedes! 2009. Disponível em: http://dicasdeciencias.com/2009/07/28/eureka-arquimedes/.
Acesso em: 06 Jun. 2013.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional.
DURKHEIM, Émile. As Regras do Método
Sociológico; tradução Paulo Neves; revisão da tradução Eduardo Brandão. 3ª
ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
FERRARI, Márcio. Henri Wallon, o
educador integral. 2013. Disponível
em:
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio - Século XXI.
Editora Nova Fronteira. Versão Eletrônica. Lexikon Informática Ltda. Versão
3.0. 1999.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir:
nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes,
1987.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da
Autonomia: saberes necessários à prática Educativa, São Paulo, Paz e Terra.
2011.
_____________. Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro, Paz e
Terra. 2005.
GADOTTI, Moacir. Cidadania
Planetária Pontos para a reflexão. Instituto Paulo Freire. Cuiabá. 1998.
LIMA,
Liliana Correia de. Interação Família-Escola: Papel da
família no processo ensino-aprendizagem, 2009. Disponível em: Disponível em:
<www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2009-8.pdf>.
Acesso em: 14 Abr. 2013.
MANZINI, Eduardo José. Entrevista semi-estruturada: Análise de
objetivos e de roteiros. Ed. USC, 2004. Disponível em:
MIRANDA, Sérgio. A eficácia da comunicação. Rio de Janeiro:
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MOREIRA,
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Pesquisa em Ensino de Ciência - Linguagem, Cultura e Cognição. Faculdade de
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O Manifesto dos Pioneiros da Educação
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Disponível em:
<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb07a.htm>. Acesso em: 25 Nov.
2012.
PEREIRA, Luiza Percevallis. O Sentido
do Pertencimento nas Relações Pedagógicas: Um Olhar Voltado à Experiência de
Professores. Dissertação apresentada como exigência parcial para a obtenção do
título de Mestre em Educação junto à Universidade Cidade de São Paulo – UNICID.
Sob orientação da Professora Drª. Ecleide Cunico Furlanetto. Universidade
cidade de São Paulo. São Paulo: 2007.
STIRNER, Max. O Falso Princípio Da Nossa Educação. São Paulo: Editora Imaginário. 1ª Ed. 2001, Apud OLIVEIRA, Nelson Jonas Ramos. A Miséria da Nossa Educação.
2011.Disponível
em:
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Acesso em 30.02013.
VASCONCELOS, Celso. Os Desafios da
Indisciplina em Sala de Aula e na Escola. Publicação: Série Ideias n. 28. Pinas:
227-252 São Paulo: FDE, 1997.
[2] Inferi ser o “pertencimento” um fenômeno pelo qual sou parte do outro,
do diferente, do estrangeiro e trago-o em mim, em razão do que construímos nos encontros,
nas trocas humanas, nos diálogos, na relação de reciprocidade, de mutualidade
da qual nos fala Fazenda, que a “copropriedade” indica que eu me apodero de
algo, algo criado na relação. Mas esse empoderamento não expressa uma dominação
do outro e, sim, o acolhimento de algo que me foi disponibilizado pelo outro, na
relação em que me disponibilizei ou ofertei-lhe algo de mim. Pereira (2007, p.
22)
[3] É a distância
entre as práticas que uma criança já domina e as atividades nas quais ela ainda
depende de ajuda.
[4] “[...] conta-se que Arquimedes foi para uma banheira relaxar e observou
que o volume da água derramada da banheira cheia em que entrara era igual ao
volume da parte do seu corpo dentro da água. Ele viu imediatamente como deveria
resolver o problema. Sem ao menos se vestir, Arquimedes correu para casa
gritando Eureka!” Barreto, 2009.
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