Pré-Consciente - Definição
Como substantivo,
designa um sistema do aparelho psíquico nitidamente distinto do sistema
inconsciente (Ics); como adjetivo, qualifica as operações e conteúdos desse
sistema pré-consciente (Pcs). Estes não estão presentes no campo atual da
consciência e, portanto, são inconscientes no sentido “descritivo” do termo,
mas distingue-se dos conteúdos do sistema inconsciente na medida em que
permanecem de direito acessíveis à consciência (conhecimentos e recordações não
atualizados, por exemplo).
Do ponto de vista
metapsicológico, o sistema pré-consciente rege-se pelo processo secundário.
Está separado do sistema inconsciente pela censura, que não permite que os
conteúdos e os processos inconscientes passem para o Pcs sem sofrerem
transformações. No quadro da segunda tópica freudiana, o termo pré-consciente é
sobretudo utilizado como adjetivo, para qualificar o que escapa à consciência
atual sem ser inconsciente no sentido estrito. Do ponto de vista sistemático,
qualifica conteúdos e processos ligados ao ego quanto ao essencial, e também ao
superego.
Histórico
Desde cedo Freud
estabelece a diferença durante a elaboração de suas considerações
metapsicológicas. Em “A interpretação de sonhos” em 1900, o sistema
pré-consciente está situado entre o sistema inconsciente e a consciência; está
separado do primeiro pela censura, que procura barrar aos conteúdos
inconscientes o caminho para o pré-consciente e para a consciência; na outra
extremidade, comanda o acesso à consciência e à motilidade.
Consciente - Definição
No sentido
descritivo, é a qualidade momentânea que caracteriza as percepções externas e
internas no conjunto dos fenômenos psíquicos. Segundo a teoria metapsicológica
de Freud, a consciência seria função de um sistema, o sistema
percepção-consciência (Pcs-Cs).
Do ponto de vista
tópico, o sistema percepção-consciência está situado na periferia do aparelho
psíquico, recebendo ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as
provenientes do interior, isto é, as sensações que se inscrevem na série
desprazer-prazer e as revivescências mnésicas. Muitas vezes Freud liga a função
percepção-consciência ao sistema pré-consciente (Pcs-Cs).
Do ponto de vista
funcional, o sistema percepção-consciência opõe-se aos sistemas de traços
mnésicos que são o inconsciente e o pré-consciente: nele não se inscreve
qualquer traço durável das excitações. Do ponto de vista econômico,
caracteriza-se pelo fato de dispor de uma energia livremente móvel, suscetível
do sobre investir este ou aquele elemento (mecanismo da atenção).
A consciência
desempenha um papel importante na dinâmica do conflito (evitação consciente do
desagradável, regulação mais discriminadora do princípio de prazer) e do
tratamento (função e limite da tomada de consciência), mas não pode ser
definida como um dos polos em jogo no conflito defensivo.
Histórico
Uma vez recusada a
identificação do psiquismo com o consciente, restava a Freud investigar em que
condições precisas o psiquismo vem a adquirir essa propriedade de ser
consciente. A questão podia ser formulada então em dois terrenos. Seja um
terreno reflexivo, numa determinação conceitual mais ou menos tributária da
tradição; seja a partir do saber acumulado pela psicanálise. O primeiro desses
pontos de vista é demonstrado na época da correspondência com Fliess, quando
Freud recorre a Lipps. De fato, no tempo do “Projeto para uma psicologia
científica”, Freud se distanciará de Lipps na medida em que falará de
deslocamentos de energia psíquica ao longo de certas vias associativas e da
persistência de traços quase indeléveis.
Considerando o
consciente, pré-consciente e inconsciente, cuja significação não é mais
puramente descritiva, vamos admitir que o pré-consciente está mais próximo do
consciente que o inconsciente e, o latente ao pré-consciente.
Do primeiro ponto
de vista, “a consciência constitui a camada superficial do aparelho psíquico”.
Em outras
palavras, escreve Freud em “O eu e o isso”, “vemos na consciência uma função
que atribuímos a um sistema que, do ponto de vista espacial, é o mais próximo
do mundo externo. Essa proximidade espacial deve ser entendida não apenas no
sentido funcional, mas também no sentido anatômico. Assim também nossas
pesquisas devem, por sua vez, tomar como ponto de partida essas superfícies que
correspondem às percepções”.
A própria análise
do “tornar-se consciente” tira partido dessa referência à percepção: “Eu já
havia formulado em outro lugar a opinião de que a diferença real entre uma
representação inconsciente e uma representação pré-consciente (ideia)
consistiria em que a primeira se refere a materiais que permanecem
desconhecidos, ao passo que a última (a pré-consciente) estaria associada a uma
representação verbal. Esta será a primeira tentativa de caracterizar o
inconsciente e o pré-consciente sem recorrer às suas relações com a
consciência”.
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