Introdução
Será o paciente
analisável? Está ele diante de um problema, cujos dados impressionam pela
quantidade e pela diversidade temática, incluindo-se aí: *A higidez ou
patologias detectáveis. *As pressões que, de ordinário, as sessões
psicanalíticas exercem sobre o analisando. *A imprevisibilidade no que se
refere à duração do tratamento. *A dificuldade de se estabelecer, com rapidez
usando-se as entrevistas preliminares, uma avaliação confiável acerca da
personalidade do candidato. *Outras do mesmo porte quanto à importância dos
eventuais efeitos que podem desencadear.
Impondo-se a
decisão, optam, via de regra, os analistas, pela exclusão dos casos que
evidenciem psicose maníaco-depressiva e as esquizofrenias, aceitando aqueles
que se enquadrem nos quadros das diversas formas de histeria, das neuroses, das
doenças psicossomáticas e das depressões psiconeuróticas e, com algumas
precauções, os casos correspondentes a perversões, aos delinquentes, aos
fronteiriços, aos adictos e aos impulsivos.
Contudo uma coisa
é certa: por mais que o profissional se cerque de cautelas, nunca se pode dizer
que o tratamento se desenvolverá sem surpresas, vez que uma determinada
sintomatologia atual pode estar mascarando uma grave patologia latente.
Em se falando de
aliança de trabalho, há que se ter presente que o paciente, quando dos
primeiros passos da terapia, deverá mostrar também que está apto, a desenvolver
uma relação objetal racional, dessexualizada e desagressificada, capacidade
esta não disponível quando se é um narcisista, que, também não pode desenvolver
relações sublimadas, desprovidas de características interesseiras no seu
dia-a-dia, o que o torna caracteristicamente capaz, de no máximo, apresentar
manifestações transferenciais fragmentadas, o que as torna não só fugidias,
como praticamente inacessíveis, inviabilizando destarte, a psicanálise.
Se o narcisista,
SF dizia que não havia como tratá-lo psicanaliticamente, vez que lhe era
impossível desenvolver uma neurose transferencial, compreensão adotada ainda
hoje, conquanto, nos nossos dias, até portadores de psicoses busquem e recebam
tratamento de casos de narcisismo, introduzem alterações nos procedimentos
usuais da Psicanálise.
Aliança de Trabalho
As atitudes
realistas, racionais e não-neuróticas do paciente em relação ao analista se
constitui a aliança de trabalho. É esta parcela do relacionamento
paciente-analista que permite ao paciente se identificar com o ponto de vista
do analista e trabalhar com o analista apesar das reações transferenciais
neuróticas.
A técnica
psicanalista visa diretamente ao ego porque só o ego tem acesso direto ao id,
ao superego e ao mundo externo. Nosso objetivo é fazer com que o ego renuncie
às suas defesas patogênicas ou encontre outras mais convenientes. As velhas
manobras defensivas demonstraram serem inadequadas; uma defesa nova, uma defesa
diferente ou nenhuma defesa poderia permitir alguma descarga instintual sem
culpa ou ansiedade. A descarga do id diminuiria a pressão instintual e o ego
ficaria, então, numa posição relativamente mais forte.
O psicanalista tem
a esperança de induzir os aspectos relativamente maduros do paciente do ego
para lutar com o que, outrora, foi banido da consciência por ser muito
perigoso. O analista espera que, sob a proteção da aliança de trabalho e da
transferência positiva não sexual, o paciente irá olhar novamente para aquilo
que outrora achou muito ameaçador, espera que o paciente seja capaz de
reavaliar a situação e finalmente, atreva-se a tentar novas maneiras de lidar
com o perigo antigo. Pouco a pouco o paciente vai compreender que os impulsos
instintuais da infância - que foram arrasadores para os recursos de um ego
infantil e que foram distorcidos por um superego infantil, que esses impulsos
podem ser vistos de forma diferente na vida adulta.
O trabalho
psicológico que ocorre depois que houve uma compreensão interna e que provoca
uma mudança estável no comportamento ou atitude é denominado: elaboração.
Tal trabalho consiste em processos como a utilização e a assimilação da
compreensão interna e a orientação.
Desta maneira, a
psicanálise tenta inverter, desvalorizar o processo da neurose e da formação de
sintoma. A única solução válida e segura é conseguir mudanças estruturais no
ego, o que lhe irá permitir renunciar às suas defesas ou encontrar alguma que
permita descarga instintual adequada.
Associação Livre
Na psicanálise
clássica, para comunicar o material clínico, o paciente tenta, como forma
predominante de comunicação, a associação livre. Geralmente, esse processo
começa depois de concluídas as entrevistas preliminares. Nas entrevistas
preliminares, o analista pôde chegar a uma avaliação da capacidade do paciente
para trabalhar na situação analítica. Parte da avaliação consistiu em
determinar se o paciente, em suas funções do ego, dispunha de elasticidade para
oscilar entre as funções do ego, dispunha de elasticidade para oscilar entre as
funções mais regressivas do ego quando estas são necessárias na associação
livre e entre as funções do ego mais maduras, funções estas necessárias à
compreensão das intervenções analíticas, respondendo a perguntas diretas e
voltando à vida quotidiana no final da sessão.
Geralmente, o
paciente associa livremente durante quase toda a sessão mas ele pode também
relatar sonhos e outros acontecimentos de sua vida quotidiana ou do seu
passado. Uma das características da psicanálise é que se pede ao paciente que
inclua suas associações quando narra seus sonhos ou outras experiências. A
associação livre tem prioridade sobre todos os outros meios de produção de
material na situação analítica.
Contudo, a
associação livre pode ser usada erradamente para ajudar a resistência. É
tarefa, então, do analista, analisar tais resistências para restabelecer o uso
adequado da associação livre. Pode acontecer, também, que um paciente não
consiga interromper a associação livre devido a um colapso das funções do ego.
Este é um exemplo de situação de emergência que surge no decorrer de uma
análise. O trabalho do analista, então, deveria ser o de tentar restabelecer o
raciocínio do processo secundário e lógico do ego.
As Reações Transferenciais
Para que ocorram
as reações transferenciais na situação analítica, o paciente deve estar
disposto e capacitado para correr o risco de alguma regressão temporária em
relação às funções do ego e das relações objetais. O paciente deve ter um ego
capaz de regredir temporariamente às reações transferenciais mas tal regressão
deve ser parcial e reversível de modo que o paciente possa ser tratado
analiticamente e ainda assim viver no mundo real. As pessoas que não se atrevem
a regredir da realidade e aquelas que não conseguem voltar rapidamente à
realidade são riscos indesejados para a psicanálise. Freud dividiu as neuroses
em dois grupos baseando-se no fato de o paciente conseguir ou não desenvolver e
manter um conjunto relativamente coerente de reações transferenciais e mesmo
assim agir na análise e no mundo externo. Os pacientes com uma “Neurose de
Transferência” conseguiam fazer isso ao passo que os pacientes sujeitos a uma
“neurose narcísica” não o conseguiam.
As Resistências
A resistência
implica todas as forças dentro do paciente que se opõem aos procedimentos e
processos do trabalho psicanalítico. Em maior ou menor grau, ela está presente
desde o começo até o fim do tratamento. As resistências defendem o status quo
da neurose do paciente. As resistências se opõem ao analista, ao trabalho
analítico e ao ego racional do paciente. A resistência é um conceito
operacional, não foi inventada recentemente pela análise. A situação analítica
se transforma na arena em que as resistências se acabam revelando.
As resistências
são repetições de todas as operações defensivas utilizadas pelo paciente em sua
vida passada. Todas as variações de fenômenos psíquicos podem ser utilizadas
objetivando a resistência, mas, qualquer que seja sua fonte, a resistência age
através do ego do paciente. Embora alguns aspectos de uma resistência possam
ser conscientes, uma parte fundamental é realizada pelo ego inconsciente.
A terapia
psicanalítica se caracteriza pela análise sistemática e completa das
resistências. É trabalho do analista descobrir como o paciente resiste, a que
está ele resistindo e por que ele age assim. A causa imediata de uma
resistência é sempre evitar algum afeto doloroso como a ansiedade, culpa ou
vergonha. Por trás deste motivo iremos encontrar um impulso instintual que
disparou o afeto doloroso. No final das contas, descobrir-se-á que é o medo de
um estado traumático que a resistência está tentando evitar.
Analisando o Material do Paciente
O termo “analisar”
é uma expressão compacta que abrange aquelas técnicas que aumentam a
compreensão interna. Em geral, inclui quatro procedimentos diferentes: a) Confrontação:
o fenômeno em questão tem que se ter tornado evidente, tem que ter ficado
explícito ao ego consciente do paciente. Por exemplo, antes que eu possa
interpretar o motivo que possa ter um paciente para evitar um determinado
assunto na sessão, tenho primeiro de fazer com que ele enfrente o fato de estar
evitando alguma coisa. Algumas vezes, o próprio paciente vai perceber tal fato
e não terei necessidade de fazê-lo. Todavia, antes que sejam tomadas quaisquer
medidas analíticas posteriores, deve ter-se certeza de que o paciente discerne
dentro de si mesmo o fenômeno psíquico que estamos tentando analisar. b) Esclarecimento:
abrange aquelas atividades que visam a colocar o fenômeno psíquico sendo
analisado sob um enfoque cerrado. Os detalhes importantes têm que ser
desenterrados e cuidadosamente separados dos assuntos não ligados à
questão. A variedade ou padrão especial
do fenômeno em questão tem que ser separado e isolado. c) Interpretação:
é este procedimento que distingue a psicanálise de todas as outras
psicoterapias porque, em psicanálise, a interpretação é o instrumento decisivo
e fundamental. Todos os outros procedimentos preparam para a interpretação ou
ampliam uma interpretação ou então cada um dos outros procedimentos, talvez
tenha, também, de ser interpretado. Interpretar significa tornar consciente um
fenômeno inconsciente. Mais precisamente, significa tornar consciente o
significado, fonte, história, modo ou causa inconscientes de um determinado
fato psíquico. d) Elaboração: abrange um conjunto complexo de
procedimentos e processos que ocorrem depois que há uma compreensão interna. O
trabalho analítico que possibilita que uma compreensão interna provoque uma
mudança é o trabalho da elaboração. Ela abrange, no geral, nas investigações
complexas, progressivas e repetitivas das resistências que impedem que uma
compreensão interna provoque uma mudança. Além de ampliar e aprofundar a
análise das resistências, as reconstruções também têm uma importância especial.
A elaboração põe em movimento uma variedade de processos circulares nos quais a
compreensão interna, a memória e a mudança de comportamento se influenciam
reciprocamente. Deve assinalar-se que, parte do trabalho de elaboração, é feito
pelo paciente, fora da sessão analítica. A elaboração é o elemento que precisa
e toma mais tempo na terapia psicanalítica. Em raríssimas ocasiões a
compreensão interna realmente provoca uma mudança rápida no comportamento; e
nesse caso, geralmente é transitória ou permanece isolada e não-integrada. Em
geral, é necessária uma boa dose de tempo para superar as forças poderosas que
resistem à mudança e para estabelecer mudanças estruturais profundas.
Processos e Procedimentos Terapêutico
Não-Analíticos
Na psicanálise
clássica, são um tanto utilizadas, outras variedades de processos e procedimentos
terapêuticos, mas com o objetivo de preparar para a compreensão interna ou para
tornar tal compreensão realmente eficaz. Todas as medidas não-analíticas se
acabam também tornando objeto de análise. Os três agentes terapêuticos
não-analíticos importantes são: a) A ab-reação ou catarse:
engloba a descarga de emoções e impulsos bloqueados. Freud considerou a
ab-reação um método de tratamento positivo para a cura. Atualmente consideramos
que a ab-reação dá uma sensação ao paciente de convicção quanto à realidade de
seus processos inconscientes. b) A sugestão: abrange a indução de ideias,
emoções impulsos num paciente independente do/ou com a exclusão do raciocínio
realista do paciente. Está presente em todas as formas da psicoterapia porque a
sugestão provém do relacionamento pais-criança e, as pessoas em desespero,
assumem com rapidez a posição emocional de uma criança em relação ao
terapeuta-pai/mãe. c) A manipulação: é uma atividade evocativa realizada
pelo analista sem o conhecimento do paciente. Geralmente é empregada para
acelerar vários processos que surgem durante uma análise terapêutica clássica.
Analisabilidade - Conclusão
O problema de
determinar as indicações e contraindicações ao tratamento psicanalítico depende
de dois pontos distintos mas relacionados. A primeira pergunta, e a mais
importante, a que temos que responder é: O
paciente é analisável?
A segunda pergunta, contingente, é: Será
que o tratamento psicanalítico vai corresponder plenamente às necessidades do
paciente?
A psicanálise é um
tratamento demorado levando, geralmente, de três a cinco anos. O conjunto da
vida do indivíduo deve ser considerado para avaliar se você deve ou não
recomendar este tipo de psicoterapia. O problema da analisabilidade é complexo
porque depende de muitas qualidades e características diferentes do paciente,
tanto saudáveis como patológicas. Além disso, também é preciso estar
inteiramente familiarizado com as muitas e pesadas exigências que o processo e
procedimento psicanalíticos impõem ao paciente. Freud bem cedo percebeu que os
critérios individuais, por mais importantes e definidos que sejam, não permitem
de forma alguma, uma previsão perfeita da analisabilidade de um paciente. Temos
que tentar levar em conta a personalidade toda e isso é extremamente difícil de
avaliar depois de umas poucas entrevistas preliminares. No entanto, é
justamente nesse momento que o terapeuta tem que fazer suas recomendações
quanto à escolha de tratamento. As entrevistas preliminares demoradas e os
testes psicológicos talvez ajudem com determinados pacientes, porém não permite
previsões seguras.
Numa diagnose, a
primeira coisa que sucede é a abordagem médica tradicional, para determinar a
forma de tratamento. Freud achava que, sendo os pacientes psicóticos
essencialmente narcísicos, os mesmos não poderiam ser tratados pela psicanálise
porque não podiam desenvolver uma neurose transferencial. A terapia
psicanalítica seria indicada para a histeria de angústia, histeria de
conversão, neurose obsessiva e compulsiva, depressões psiconeuróticas e muitas
das neuroses de caráter e das assim chamadas doenças “psicossomáticas”. Seria contraindicada
para as diversas formas de esquizofrenia e psicose maníaco-depressiva. Outros
distúrbios de caráter como as neuroses de impulso, perversões, vícios, delinquências
e casos fronteiriços têm sua analisabilidade questionada que teria que ser
determinada pelas características especiais do caso individual.
Sem dúvida alguma,
a diagnose clínica é importante para determinar a disposição do paciente para a
análise mas, infelizmente, precisa-se em geral, de muito tempo para se chegar a
uma diagnose definitiva. Algumas vezes, a psicopatologia atual é um simples
disfarce para uma patologia mais ameaçadora que está escondida e latente. A
presença de sintomas histéricos não significa que o paciente seja
essencialmente um histérico; ou, vice-versa, a sintomatologia bizarra pode
ainda ter a estrutura da histeria. Os sintomas não estão ligados a síndromes
específicas de diagnóstico como costumávamos achar. Algumas vezes, só se chega
a uma diagnose sólida no final de uma longa análise.
Costumava supor-se
que a presença de uma fobia indicava histeria de angústia mas hoje sabemos que
as fobias podem estar presentes nos histéricos, obsessivos, depressivos e esquizoides.
Podemos dizer o mesmo dos sintomas de conversão, sintomas psicossomáticos,
inibições sexuais, etc… A presença de um sintoma específico mostra alguma coisa
sobre certos aspectos da patologia do paciente. Mas não nos diz se esta
formação patológica é central ou periférica, se é um fator predominante ou
secundário na estrutura da personalidade do paciente. Embora a diagnose nos
mostre muita coisa sobre a patologia, pode indicar relativamente pouco sobre os
recursos saudáveis do paciente em questão. Alguns casos obsessivos se
transformam em excelentes pacientes e outros são não-analisáveis. Os tipos
controvertidos de pacientes, por exemplo, perversões e casos fronteiriços, têm
uma proporção variada de recursos saudáveis. No entanto, é a reserva de capacidades
positivas, não a patologia, que pode vir a ser o fator decisivo. O centro de
enfoque tem de ser a avaliação ou a patologia.
Um método de
abordagem valioso no problema da analisabilidade consiste em investigar as
qualidades positivas do paciente em relação às exigências específicas da
terapia psicanalítica. Como já dissemos, o tratamento psicanalítico é uma
terapia demorada, dispendiosa e de longo alcance, terapia que, pela sua própria
natureza, é, frequentemente, muito dolorosa. Assim, só os pacientes profundamente
motivados irão trabalhar com entusiasmo na situação analítica. Os sintomas do
paciente os traços de caráter contraditórios lhe devem causar uma dose
suficiente de sofrimento para capacitá-lo a suportar os rigores do tratamento.
A infelicidade neurótica deve interferir em aspectos importantes da vida do
paciente e a consciência da miséria de sua situação deve ser mantida se
quisermos que o paciente continue motivado. Problemas triviais e os palpites
dos parentes, namorados ou amantes e dos patrões não justificam de forma alguma
que se inicie um tratamento psicanalítico. A curiosidade científica ou o desejo
de progredir profissionalmente não irão motivar um analisando para que se
submeta a uma experiência analítica profunda a não ser que tudo isso esteja
relacionado com uma necessidade terapêutica adequada. Os pacientes que exigem
resultado rápido ou que têm um ganho secundário enorme de suas doenças também
não terão a motivação necessária. Os masoquistas que necessitam de seu
sofrimento neurótico podem começar a análise e ficar, depois, presos ao
sofrimento do tratamento. Eles constituem um problema de difícil avaliação
quanto à motivação para se curar. As crianças são motivadas de forma bem
diferente dos adultos e também precisam ser avaliadas de um ponto de vista
diferente.
A psicanálise
exige que o paciente tenha a capacidade de desempenhar, de maneira mais ou
menos firme e repetida, as funções do ego que estão em contradição entre si.
Por exemplo, para chegar à associação livre o paciente deve ser capaz de
regredir em seu raciocínio, deixar as coisas surgirem passivamente, abandonar o
controle de seus pensamentos e emoções e renunciar, parcialmente, ao seu teste
de realidade. Mesmo assim, também esperamos que o paciente nos compreenda
quando lhe transmitimos alguma coisa, que faça por conta própria algum trabalho
analítico, que controle suas ações e emoções depois da sessão e que fique em
contato com a realidade. Apesar de sua neurose, espera-se que o paciente tenha
funções do ego flexíveis e elásticas.
Também exigimos
que o paciente possua a capacidade de regredir e sair da regressão no
relacionamento com seu psicanalista. Espera-se que ele desenvolva diversas
formas de reações transferenciais regressivas, seja capaz de mantê-las e também
trabalhe com elas como colaborador do analista. Em geral, os pacientes
psicóticos ou orientados narcisicamente não são indicados para a psicanálise. A
capacidade para a empatia é fundamental para uma boa disposição psicológica e
depende da capacidade para uma identificação parcial e temporária com outros.
Ela é necessária para uma comunicação eficaz entre paciente e analista e deve
estar presente em ambos. As pessoas retraídas e desinteressadas,
emocionalmente, não são bons candidatos à terapia psicanalítica.
A associação livre
acaba levando à exposição de detalhes dolorosos e íntimos da vida pessoal de
uma pessoa. Donde se conclui, portanto, que um paciente adequado deve possuir
um grau elevado de honestidade e de integridade de caráter. Também exige a
capacidade de comunicar inteligivelmente sobre combinações sutis de emoções.
Também constituem riscos inadequados as pessoas com graves problemas de
raciocínio e distúrbios da fala. Também são candidatos inadequados à
psicanálise as pessoas com caráter impulsivo, pessoas que não aguentam esperar,
que não suportam a frustração ou emoções dolorosas.
Outra série de
fatores que tem que ser levada em conta é a situação da vida externa do
paciente. Uma doença ou incapacidade física graves pode exaurir a motivação de
um paciente ou acabar com suas energias para o trabalho psicológico. Em
determinadas ocasiões, uma neurose pode ser um mal bem menor do que determinada
doença arrasadora ou uma situação de vida miserável. Em geral, os pacientes que
estão no auge de um caso de amor excitante não estão aptos para trabalhar na
análise. A presença de um marido intrometido, genioso e briguento, ou de uma
esposa ou pai/mãe - pode tornar a análise temporariamente inexequível. Não se
pode fazer um trabalho analítico num campo de batalha. É preciso que haja
oportunidade para a contemplação e introspecção fora da sessão analítica. E
depois, temos os elementos práticos: tempo e dinheiro, ambos, geralmente,
fundamentais. As clínicas psicanalíticas podem diminuir o desgaste financeiro,
mas, até agora, nada que se conheça pode substituir o tempo prolongado exigido
pelo tratamento psicanalítico.
Todas as
considerações anteriores são úteis para determinarmos se a psicanálise é
indicada ou contraindicada para um determinado paciente. Todavia, anos de
trabalho clínico nos ensinaram que somente a experiência real de um período de
análise pode determinar, com segurança, se um paciente está apto para fazer
psicanálise. Aparentemente, existem inúmeras variáveis e incógnitas para que
qualquer outro método emita previsões seguras.
A maioria dos
analistas, não estabelece um limite de tempo específico para uma análise de
experiência mas alude ao elemento provisório de diferentes maneiras.
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