Repressão
É a operação
psíquica que pretende fazer desaparecer, da consciência, impulsos ameaçadores,
sentimentos, desejos, ou seja, conteúdos desagradáveis, ou inoportunos. Em
sentido amplo, é uma operação psíquica que tende a fazer desaparecer da
consciência um conteúdo desagradável ou inoportuno: ideia, afeto, etc. Neste
sentido, o recalque seria uma modalidade especial de repressão. Em sentido mais
restrito, designa certas operações do sentido amplo, diferentes do recalque: a)
Ou pelo caráter consciente da operação e pelo fato de o conteúdo reprimido se
tornar simplesmente pré-consciente e não inconsciente; b) Ou, no caso da
repressão de um afeto, porque este não é transposto para o inconsciente mas
inibido, ou mesmo suprimido.
A Racionalização
É uma forma de
substituir por boas razões uma determinada conduta que exija explicações, de um
modo geral, da parte de quem a adota. Os Psicanalistas, em tom jocoso, dizem
que racionalização é uma mentira inconsciente que se põe no lugar do que se
reprimiu. É um processo pelo qual o sujeito procura apresentar uma explicação
coerente do ponto de vista lógico, ou aceitável do ponto de vista moral, para
uma atitude, uma ação, uma ideia, um sentimento, etc., cujos motivos
verdadeiros não percebe; fala-se mais especialmente da racionalização de um
sintoma, de uma compulsão defensiva, de uma formação reativa. A racionalização
intervém também no delírio, resultando numa sistematização mais ou menos
acentuada. A racionalização é um processo muito comum, que abrange um extenso
campo que vai desde o delírio ao pensamento normal. Como qualquer comportamento
pode admitir uma explicação racional, muitas vezes é difícil decidir se esta é
falha ou não. Em especial no tratamento psicanalítico encontraríamos todos os
intermediários entre dois extremos; em certos casos é fácil demonstrar ao
paciente o caráter artificial das motivações invocadas e incitá-lo assim a não
se contentar com elas; em outros, os motivos racionais são particularmente
sólidos (os analistas conhecem as resistências que a “alegação da realidade”,
por exemplo, pode dissimular), mas mesmo assim pode ser útil colocá-los “entre
parênteses” para descobrir as satisfações ou as defesas inconscientes que a
eles se juntam. Como exemplo do primeiro caso encontraremos racionalizações de
sintomas, neuróticos ou perversos (comportamento homossexual masculino
explicado pela superioridade intelectual e estética do homem, por exemplo) ou
compulsões defensivas (ritual alimentar explicado por preocupações de higiene,
por exemplo).
A
Projeção
Manifesta-se
quando o Ego não aceita reconhecer um impulso inaceitável do Id e o atribui a
outra pessoa. É o caso do menino que gostaria de roubar frutas do vizinho sem,
entretanto, ter coragem para tanto, e diz que soube que um menino, na mesma
rua, esteve tentando pular o muro do vizinho. Termo utilizado num sentido muito
geral em neurofisiologia e em psicologia para designar a operação pela qual um
fato neurológico ou psicológico é deslocado e localizado no exterior, quer
passando do centro para a periferia, quer do sujeito para o objeto. No sentido
propriamente psicanalítico, operação pela qual o sujeito expulsa de si e
localiza no outro- pessoa ou coisa- qualidades, sentimentos, desejos e mesmo
“objetos” que ele desconhece ou recusa nele. Trata-se aqui de uma defesa de
origem muito arcaica, que vamos encontrar em ação particularmente na paranoia,
mas também em modos de pensar “normais”, como a superstição.
Deslocamento
É um processo psíquico
através do qual o todo é representado por uma parte ou vice-versa. Também pode
ser uma ideia representada por uma outra, que, emocionalmente, esteja associada
à ela. Esse mecanismo não tem qualquer compromisso com a lógica. É o caso de
alguém que tendo tido uma experiência desagradável com um policial, reaja
desdenhosamente, em relação a todos os policiais.
É muito corrente
nos sonhos, onde uma coisa representa outra. Também se manifesta na
Transferência, fazendo com que o indivíduo apresente sentimentos em relação a
uma pessoa que, na verdade, lhe representa uma outra do seu passado. Fato de a
importância, o interesse, a intensidade de uma representação ser suscetível de
se destacar dela para passar a outras representações originariamente pouco intensas,
ligadas à primeira por uma cadeia associativa. Esse fenômeno, particularmente
visível na análise do sonho, encontra-se na formação dos sintomas
psiconeuróticos e, de um modo geral, em todas as formações do inconsciente. A
teoria psicanalítica do deslocamento apela para a hipótese econômica de uma
energia de investimento suscetível de se desligar das representações e de
deslizar por caminhos associativos. O “livre” deslocamento desta energia é uma
das principais características do modo como o processo primário rege o
funcionamento do sistema inconsciente.
A Identificação
É o processo
psíquico por meio do qual um indivíduo assimila um aspecto, uma característica
de outro, e se transforma, total ou parcialmente, apresentando-se conforme o
modelo desse outro. A personalidade constitui-se e diferencia-se por uma série
de identificações. Freud descreve como característico do trabalho do sonho o
processo que traduz a relação de semelhança, o “tudo como se”, por uma
substituição de uma imagem por outra ou “identificação”. A identificação não
tem aqui valor cognitivo: é um processo ativo que substitui uma identidade
parcial ou uma semelhança latente por uma identidade total.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário e cadastre-se no Blog!