A Regressão
É o processo
psíquico em que o Ego recua, fugindo de situações conflitivas atuais, para um
estágio anterior. É o caso de alguém que depois de repetidas frustrações na
área sexual, regrida, para obter satisfações, à fase oral, passando a comer em
excesso. Considerada em sentido tópico, a regressão se dá, de acordo com Freud,
ao longo de uma sucessão de sistemas psíquicos que a excitação percorre
normalmente segundo determinada direção. No seu sentido temporal, a regressão
supõe uma sucessão genética e designa o retorno do sujeito a etapas
ultrapassadas do seu desenvolvimento (fases libidinais, relações de objeto,
identificações, etc.).
No sentido formal,
a regressão designa a passagem a modos de expressão e de comportamento de nível
inferior do ponto de vista da complexidade, da estruturação e da diferenciação.
A regressão é uma noção de uso muito frequente em psicanálise e na psicologia
contemporânea; é concebida, a maioria das vezes, como um retorno a formas
anteriores do desenvolvimento do pensamento, das relações de objeto e da
estruturação do comportamento. Freud é levado então a diferenciar o conceito de
regressão, como o demonstra esta passagem acrescentada em 1914 em três espécies
de regressões: a) Tópica, no sentido do esquema do aparelho psíquico. A
regressão tópica é particularmente manifestada no sonho, onde ela prossegue até
o fim. Encontra-se em outros processos patológicos em que é menos global
(alucinação) ou mesmo em processos normais em que vai menos longe (memória). b)
Temporal, em que são retomadas formações psíquicas mais antigas. c) Formal,
quando os modos de expressão e de figuração habituais são substituídos por
modos primitivos. Estas três formas de regressão, na sua base, são apenas uma,
e na maioria dos casos coincidem, porque o que é mais antigo no tempo é
igualmente primitivo na forma e, na tópica psíquica, situa-se mais perto da
extremidade perceptiva.
O Isolamento
É um processo
psíquico típico da neurose obsessiva, que consiste em isolar um comportamento
ou um pensamento de tal maneira que as suas ligações com os outros pensamentos,
ou com o autoconhecimento, ficam absolutamente interrompidas, já que foram (os
pensamentos, os comportamentos), completamente excluídos do consciente. Entre
os processos de isolamento, citemos as pausas no decurso do pensamento,
fórmulas, rituais, e,de um modo geral, todas as medidas que permitem
estabelecer um hiato na sucessão temporal dos pensamentos ou dos atos. Certos
doentes defendem-se contra uma idéia, uma impressão, uma ação, isolando-as do
contexto por uma pausa durante a qual “…nada mais tem direito a produzir-se,
nada é qualificada de mágica por Freud; aproxima-a do processo normal de
concentração no sujeito que procura não deixar que o seu pensamento se afaste
do seu objeto atual. O isolamento manifesta-se em diversos sintomas obsessivos;
nós o vemos particularmente em ação no tratamento, onde a diretriz da
associação livre, por lhe se oposta, coloca-o em evidência (sujeitos que
separam radicalmente a sua análise da sua vida, ou determinada sequência de ideias
do conjunto da sessão, ou determinada representação do seu contexto ideo-afetivo).”
Freud reduz, em
última análise, a tendência para o isolamento a um modo arcaico de defesa
contra a pulsão, a interdição de tocar, uma vez que “… o contato corporal é a
finalidade imediata do investimento de objeto, quer o agressivo quer o terno”.
Nesta perspectiva, o isolamento surge como “… uma supressão da possibilidade de
contato, um meio de subtrair uma coisa ao contato; do mesmo modo, quando o
neurótico isola uma impressão ou uma atividade por pausa, dá-nos simbolicamente
a entender que não permitirá que os pensamentos que lhes dizem respeito entrem
em contato associativo com outros”. Na realidade, pensamos que seria
interessante reservar o termo isolamento para designar um processo específico
de defesa que vai da compulsão a uma atitude sistemática e concentrada, e que
consiste numa ruptura das conexões associativas de um pensamento ou de uma
ação, especialmente com o que os precede e os segue no tempo.
Formação Reativa
É um processo
psíquico que se caracteriza pela adoção de uma atitude de sentido oposto a um
desejo que tenha sido recalcado, constituindo-se, então, numa reação contra
ele. Uma definição: é o processo psíquico, por meio do qual um impulso
indesejável é mantido inconsciente, por conta de uma forte adesão ao seu
contrário. Muitas atitudes neuróticas existem que são tentativas evidentes de
negar ou reprimir alguns impulsos, ou de defender a pessoa contra um perigo
instintivo. São atitudes tolhidas rígidas, que obstam a expressão de impulsos
contrários, os quais, no entanto, de vez em quando, irrompem por diversos
modos. Nas peculiaridades desta ordem, a psicanálise, psicologia
“desmascaradora” que é, consegue provar que a atitude oposta original ainda
está presente no inconsciente. Chamam-se formações reativas estas atitudes
opostas secundárias. As formações reativas representam mecanismo de defesa
separado e independente? Dão mais impressão de constituir consequência e
reafirmação de uma repressão estabelecida. Quando menos, contudo, significam
certo tipo de repressão que é possível distinguir de outras repressões.
Digamos: É um tipo de repressão em que a contracatexia é manifesta e que,
portanto, tem êxito no evitar de atos repressivos muito repetidos de repetidos
de repressão secundária. As formações reativas evitam repressões secundárias
pela promoção de modificação definitiva, “uma vez por todas”, da personalidade.
O indivíduo que haja constituído formações reativas não desenvolve certos
mecanismos de defesa de que se sirva ante a ameaça de perigo instintivo;
modificou a estrutura da sua personalidade, como se este perigo estivesse sem
cessar presente, de maneira que esteja pronto sempre que ocorra.
A Substituição
Processo pelo qual
um objeto valorizado emocionalmente, mas que não pode ser possuído, é
inconscientemente substituído por outro, que geralmente se assemelha ao
proibido. É uma forma de deslocamento.
A Fantasia
É um processo
psíquico em que o indivíduo concebe uma situação em sua mente, que satisfaz uma
necessidade ou desejo, que não pode ser, na vida real, satisfeito. É um roteiro
imaginário em que o sujeito está presente e que representa, de modo mais ou
menos deformado pelos processos defensivos, a realização de um desejo e, em
última análise, de um desejo inconsciente. A fantasia apresenta-se sob diversas
modalidades: a) Fantasias conscientes ou sonhos diurnos. b) Fantasias
inconscientes como as que a análise revela, como estruturas subjacentes a um
conteúdo manifesto. c) Fantasias originárias.
A Compensação
É o processo
psíquico em que o indivíduo se compensa por alguma deficiência, pela imagem que
tem de si próprio, por meio de um outro aspecto que o caracterize, que ele,
então, passa a considerar como um trunfo.
Expiação
É o processo psíquico em que o indivíduo
quer pagar pelo seu erro imediatamente.
Negação
A tendência a
negar sensações dolorosas é tão antiga quanto o próprio sentimento de dor. Nas
crianças pequenas, é muito comum a negação de realidades desagradáveis, negação
que realiza desejos e que simplesmente exprime a efetividade do princípio do
prazer. A capacidade de negar pares desagradáveis da realidade é a
contrapartida da “realização alucinatória dos desejos”. Anna Freud chamou este
tipo de recusa do reconhecimento do desprazer em geral “pré-estádios da
defesa”.
Introjeção
Originalmente, a
ideia de engolir um objeto exprime afirmação; e como tal é o protótipo de
satisfação instintiva, e não de defesa contra os instintos. No estádio do ego
prazeroso purificado, tudo quanto agrada é introjetado. Em última análise,
todos os objetos sexuais derivam de objetivos de incorporação. Do mesmo passo,
a projeção é o protótipo da recuperação daquela onipotência que foi projetada
para os adultos. Contudo, a incorporação, embora exprima “amor”, destrói objetivamente
os objetos como tais, como coisas independentes do mundo exterior. Percebendo
este fato, o ego aprende a usar a introjeção para fins hostis como executora de
impulsos destrutivos e também como modelo de um mecanismo definido de defesa. A
incorporação é o objetivo mais arcaico dentre os que se dirigem para um objeto.
A identificação, realizada através da introjeção, é o tipo mais primitivo de
relação com os objetos.
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